terça-feira, 3 de novembro de 2009

NovaDemocracia - MANIFESTO

/// TEXTOS FUNDADORES ///

NovaDemocracia

MANIFESTO

Todos sentimos que o sistema político está a necessitar de um urgente e profundo rejuvenescimento. A lógica do espectro político tradicional é fechada e a sua simples manutenção conduziria, como tem sucedido até hoje, a um beco sem saída. A divisão de metade do país contra metade do país leva a vitórias tangenciais e alternadas de um e de outro lado, sem base social e cultural de apoio suficientes para levar por diante as necessárias mudanças, ou conservar eficazmente os valores perenes - vida, liberdade, justiça, solidariedade - que devem ser mantidos e aprofundados.

Compreende-se hoje que muitas destas divisões são meramente históricas ou artificiais. Cada vez mais surgem grandes causas políticas transversais, como se viu pelos referendos do aborto e da regionalização.

O grande problema parece ser uma "especialização" das forças políticas que, por preconceitos ideológicos, abdicam de abraçar causas que, longe de serem antagónicas, se revelam na prática complementares.

Há votantes da direita que querem a justiça social e a cultura; e grande parte da actual direita não as têm considerado prioridades.

Há votantes da esquerda que querem a ordem e a moderação, e uma política nacional e com valores éticos; ora muita da nossa esquerda não se preocupa demasiado com estas questões...

Perante a crise geral, todos sentimos que algo de novo está para nascer.

A Nova Democracia deseja contribuir para essa política nova. Unindo pessoas de boa vontade, da direita e da esquerda, do centro e sobretudo acima das velhas querelas para, juntos, trabalharem pela renovação de Portugal, com base em propostas concretas que permitam a tão esquecida articulação dos ideais de liberdade, justiça, solidariedade e democracia ética - os quais devem todos ser conjuntamente defendidos, e não apenas representados parcial e antagonicamente.

Orgulhamo-nos, cada um de nós se orgulha, das nossas origens e dos nossos passados políticos. Eles confluem agora num projecto novo, para o qual as diferenças são um capital de experiência que dialecticamente potencia as vantagens competitivas. Outros de nós começam agora a sua caminhada na luta pela coisa pública.

Anima-nos a todos o desejo de devolver a esperança e o entusiasmo aos Portugueses, e sobretudo aos jovens, a quem as velhas querelas ideológicas oitocentistas pouco dizem já.

Na encruzilhada mundial e nacional em que nos encontramos, a alternativa parece ser entre a democracia velha que cada dia mais se desacredita e já não entusiasma nem sequer os seus beneficiários, e o fim da democracia, com fórmulas mais ou menos subtis de confiscar o direito de nos governarmos a nós próprios. Há contudo uma outra possibilidade: uma nova democracia. Fiel ao espírito democrático de sempre, mas com competência, imaginação e rasgo para novos horizontes de esperança.

A Nova Democracia não é um partido revolucionário nem procura disputar espaço político a nenhum dos já existentes. Pelo contrário, procurará o diálogo com todas as forças políticas democráticas tradicionais, para uma renovação pacífica e tranquila.

É o anúncio de uma forma nova de participar na política, em que os valores da liberdade individual, da criatividade, da ética e até da estética se tornem preponderantes. Somos apenas aprendizes dessa nova esperança, cometeremos certamente erros. Mas teremos a humildade suficiente para sempre recomeçar de novo. Sem ideologias rígidas e programas fechados, mas num hemiciclo aberto, uma política aberta...

Convidamos todos os democratas portugueses que partilhem das nossas inquietações e princípios a juntarem-se-nos nesta caminhada cívica. O futuro tem tempo. Mas o futuro começa agora.